O VALOR EDUCACIONAL DAS HISTÓRIAS
Profa. Nelma Paula de
Almeida Valentim
Tomando por base o livro
Técnicas de contar histórias – um guia para desenvolver as suas habilidades e
obter sucesso na apresentação de uma história de Vania D’Angelo Dohme, temos a
compreensão de que as histórias são excelentes ferramentas de trabalho na
tarefa de educar e vários motivos existem para isso:
·
As crianças gostam muito
·
Levam a uma empatia com os alunos
·
A variedade de temas é praticamente
inesgotável
·
Pouca exigência de recursos materiais para
sua aplicação
·
Os vários aspectos educacionais que podem
ser focados
Por meio dos exemplos
contidos nas histórias, as crianças adquirem maior evidência. O contato com os
impulsos emocionais, as reações e os instintos comuns aos seres humanos e o reconhecimento
dos fatos e efeitos causados por estes impulsos são exemplos de vida.
Segundo a autora, as
histórias são muito úteis para trabalhar os seguintes aspectos internos da
crianças:
ü Caráter:
Histórias escolhidas de feitos heróicos, conteúdos que encerram lições de vida,
fábulas em que o bem prevalece sobre o mal são lições que as crianças absorvem.
Por meio das histórias, os
meninos defrontam-se com situações fictícias e percebem as várias alternativas
que elas oferecem, podendo antever as conseqüências que a decisão por cada uma
delas trará. Com isso adquirem vivência e referências para montar os seus
próprios valores.
ü Raciocínio:
As histórias mais elaboradas, de enredos intrigantes, agitam o raciocínio das
crianças, que as acompanham mentalmente, interrogando-se como agiriam naquela situação.
ü Imaginação:
os meninos ouvem atentos as narrações e com isso acompanham-nas mentalmente. Desta
forma consegue-se situações verdadeiramente formidáveis! Com elas podemos
transitar pelo tempo e o espaço, estando ora na pré-história, ora pisando em
galáxias estranhas. Podemos “bater um papo” com Hércules, participar de rituais
indígenas ou conhecer a selva. Nas histórias tudo é possível!
O exercício da imaginação
traz grande proveito às crianças, primeiro porque atende a uma necessidade
muito grande que elas têm de imaginar. As fantasias não são somente um
passatempo; elas ajudam na formação da personalidade na medida em que
possibilitam fazer conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa seria
“desta” ou “de outra forma”.
·
Criatividade: Uma vez que a criatividade é
diretamente proporcional à quantidade de referências que cada um possui, quanto
mais “viagens” a imaginação fizer, tanto mais aumentará o “arquivo referencial”
e, consequentemente, a criatividade.
As histórias aumentam o
horizonte dos ouvintes, com elas: eles “conhecem a China”, “pisam na Lua”, voam
através do tempo, da pré-história aos dias de hoje, travam conhecimento com fadas,
duendes, monstros e heróis.
Estas emoções semeiam a
imaginação e estimulam a criatividade.
·
Senso Crítico: A cada dia que passa
assistimos abismados à falta de senso crítico nos indivíduos. Aumenta a procura
de elementos massificantes, tais como grifes e modismos, tolhendo e até
envergonhando o indivíduo de ter as suas próprias idéias.
É preciso que as pessoas
tenham olhos para ver a realidade da sociedade que as cerca, identificando as
atitudes que levam à prosperidade, para incentivar estas e reprimir as danosas,
e saber manejar as suas opiniões, para que em conjunto com o pensamento dos
demais, possam ter uma vida útil e feliz.
As histórias atuam como
ferramentas de grande valia na construção desse senso crítico, porque por meio
delas os alunos tomam conhecimento A visão de outras realidades fará com que
vejam “os dois lados de uma mesma moeda”, gerando tomadas de posições e
construindo uma personalidade ativa.
·
Disciplina: É entendida como aceita e
praticada espontaneamente pela criança e não como algo imposto
inquestionavelmente pelo educador.
No momento que trabalhamos
com algo que a criança realmente gosta, que sente que foi preparado com carinho
para ela, as chances de ter uma postura atenta e participativa aumentam muito.
Ela não irá gritar ou
fazer algazarra se tiver algo muito mais interessante para fazer: ouvir uma
história!
Algo que ela espera ser
interessante, porque confia que foi preparado especialmente para ela e para o
seu grupo.
A situação fará a criança
perceber que existe momento para tudo: brincar, se divertir e também para
prestar atenção, e o que é melhor: que vale a pena prestar atenção!
Isso contribuirá para o
aumento de sua capacidade de concentração e para o desenvolvimento de uma
atitude crítica em relação ao seu comportamento e ao dos demais, ou seja,
levará a uma disciplina consciente e assumida pela própria criança.
Transmissão de valores
através das histórias
Para Vania Dohme, os
valores são fundamentos universais que regem a conduta humana. São elementos
essenciais para viver em constante desenvolvimento, baseada no alto
conhecimento em direção a uma vida construtiva, satisfatória, em harmonia e
cooperação com os demais. Segundo a autora, fazer uma análise de quais valores
desejaríamos passar por meio de um processo educacional demandaria uma maior
reflexão, mas algumas indagações podem ser feitas:
·
Quais os valores que importam? O que é
importante para mim como educador?
·
Que tipo de valores eu reconheço como
importante nos demais?
·
Quais deles eu gostaria de ajudar a
construir?
·
Quais são adequados a uma criança?
·
Quais deles eu posso transmitir por meio de
um processo educacional, levando em conta os meus recursos materiais e humanos?
As repostas não serão
iguais de uma pessoa para outra, mas certamente muito semelhantes. De um modo
geral, começar a preocupar-se com a transmissão de valores é o grande passo, o
envolvimento com a matéria será natural e a satisfação que o retorno das
crianças proporcionará será uma mola propulsora para o constante
desenvolvimento no trabalho com valores na educação. Alguns
autores oferecem sugestões que podem servir de base para reflexão e escolha. De
qualquer forma e eleição de determinado valor não deve ser um processo isolado.
Ela deve fazer parte de um planejamento em que se levam em conta as
características dos alunos, o conjunto de objetivos educacionais e os recursos
disponíveis. Na medida do possível, a participação dos pais no processo de
escolha e o envolvimento na aplicação são altamente desejáveis.
· Compartilhar: Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o legítimo desejo das outras pessoas usufruírem igualmente de pertences ou oportunidades.
· Confiabilidade: Ter uma conduta constante e verdadeira, capaz de conquistar crédito de um bom procedimento.
· Cooperação: Capacidade a atuar com outras pessoas de forma consistente e produtiva.
· Coragem: Resolução, perseverança, constância e firmeza perante situações novas e desafiantes.
· Cortesia: Ser afável, atento e bem-educado.
· Disciplina: Obedecer a ordens preestabelecidas, combinadas e anteriormente aceitas. Capacidade de praticar atos que resultem no aprimoramento de si próprio ou de sua comunidade.
· Honestidade: Apropriar-se exclusivamente do que lhe pertence. Conhecer os limites de suas propriedades em relação às de outras pessoas. Ter atitudes coerentes com o seu pensamento e suas convicções. Compartilhar os seus sentimentos de forma verdadeira.
· Igualdade: Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater a preconceitos e tratar as pessoas da mesma forma.
· Justiça: Capacidade de fazer julgamentos desassociados de seus próprios interesses. Ter sensibilidade e disponibilidade para ouvir e entender as razões que levam outra pessoa a determinada conduta. Capacidade de dar a cada um o que lhe pertence.
· Lealdade: Amor e fidelidade à verdade. Incapacidade de trair, falsear ou enganar.
· Limpeza: Reconhecer os benefícios da limpeza interna e externa. Ter atitudes para obtê-las.
· Misericórdia: Reconhecimento e compaixão pelas necessidades alheias. Aceitação e compreensão das limitações dos demais.
· Paciência: Ter resistência para suportar os reveses. Tranqüilidade para esperar. Aceitar as características e limitações dos demais. Entender que cada um tem o seu “ritmo” e saber conviver com isso.
· Paz: capacidade de reconhecer os benefícios da harmonia e trabalhar em prol dela.
· Respeito: Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas atitudes e ações.
· Responsabilidade: Estar consciente de suas obrigações e disposto a trabalhar por elas. Estar comprometido com aquilo que afirma e com a forma com que se comporta.
· Solicitude: Estar disposto a ajudar e fazer favores, prestar voluntariamente um serviço ao próximo.
· Tolerância: Respeito e consideração pelas opiniões e atitudes dos demais.
As histórias infantis e a
transmissão de valores
As histórias são úteis na
transmissão de valores porque dão razão de ser aos comportamentos humanos.
Tratam de questões abstratas, difíceis de serem compreendidas pelas crianças quando
isoladas de um contexto. A criança é incapaz de raciocinar no abstrato. Assim,
virtudes, maus hábitos, defeitos ou esforços louváveis que interferem no
comportamento social do indivíduo, gerando consequências na sua vida, não podem
ser entendidos com esta clareza pelas crianças. Falta referencial capaz de
associar uma questão de comportamento a um fato: Fulano agiu assim e deu-se mal...
a falta de lealdade de Beltrano fez a verdade vir à tona... Se nós adultos, com
tanta vivência, muitas vezes nos perdemos na tentativa de associar tendências a
fatos, tendo dificuldade de prever se determinada atitude levará à melhor
situação, o que pensar das crianças com pouca experiência e com um mundo todo a
descobrir! A história traz o abstrato ao entendimento das crianças, e com isso
municia-as com experiências que aumentarão a sua vivência, aumentando suas
possibilidades dentro do relacionamento social. O trabalho com estas figuras
que sintetizam uma série de conceitos também proporcionará ao educador um maior
conhecimento de suas crianças, que, expressando suas opiniões dentro do concreto
que é a temática da própria história, manifestarão os sentimentos abstratos que
provocam o seu íntimo. Em última análise, as histórias ensinam a criança a
crescer e a pensar.
Bibliografia:
VANIA D`ANGELO DOHME,
Técnicas de contar Histórias. 5ª ed., São Paulo, Informal Editora, 2000.
Extraído de Departamento
Nacional de Escola Dominical – Igreja Metodista/Sede Nacional - www.metodista.org.br
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